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domingo, 13 de março de 2016

O ritmo industrial e o formato antologia nos seriados



Já faz alguns anos que eu venho percebendo uma leve mudança na estrutura dos seriados. Interessante a ideia dos criadores trabalharem no formato ‘’antologia’’, que implica iniciar e terminar a trama na mesma temporada, resultando histórias diferentes todos os anos sem perder o foco do estilo, seja drama, terror, comédia etc.  Ao meu gosto particular por terror, isso me agradou em cheio, pois em boas mãos a história fica bem contada, e sem aqueles ‘‘esticamentos’’ que acabam com a essência e proposta inicial da obra.

Nesse ritmo industrial que a TV vem passando e só tem aumentar, o público mais crítico e com a mente na evolução do audiovisual já demonstra cansaço com séries que duram nove, dez temporadas e que se desgastam, mas de alguma forma são rentáveis principalmente quando se trata de atores que tem nome na publicidade.

Um dos artistas do audiovisual que eu mais admiro na atualidade é Ryan Murphy e vem trabalhando nesse formato. Seu estilo atual de teledramaturgia é o terror e ele sempre se renova, isso a meu ver é um grande exercício de criatividade para uma nova geração moderna e precisamos caminhar juntos.

Com a nova geração cada vez mais exigente, autor de nome que é o caso do Ryan Murphy consegue dialogar com o público, vê o que não está agradando e procura sempre apresentar nas suas obras uma mudança cada vez mais significativa, tanto para o lado artístico quanto para o comercial. Sua mais recente obra ‘’Scream Queens’’ é  no formato antologia, uma trama que homenageou ‘’slashers’’ dos anos 80 e inseriu elementos de comédia (humor negro) e muitas críticas sociais bem apuradas, já entrou no hall de obras vanguardistas da TV americana e merece sim ser vista por quem ama teledramaturgia e terror. Junto com essa série, estava no ar também ‘’American Horror Story – Hotel’’ que foi entregue seu final recentemente e a próxima temporada já podemos esperar outra história de terror e a grande grife que Ryan Murphy sempre imprime ao apresentar suas narrativas.


Hoje em dia uma boa história pode ser brevemente contada independente do seu formato. Uma novela não precisa mais de oito,nove meses no ar, um filme não tem necessidade de duas, três horas de duração e as séries podem sim cada vez mais caminhar para as antologias. Só analisar o que vem acontecendo atualmente com seriados que já deveriam ter finalizados, por exemplo a péssima ‘’Supernatural’’, a mais que saturada ‘’Pretty Little Liars’’ e a desconstrução de Grey’s Anatomy. Tudo se perde, pode sim ter uma boa história mesmo com mudanças através do tempo, mas pode ter certeza que a maioria não se sentirá mais satisfeita, pelo simples fato de acabar com uma obra visando o ritmo industrial e sua estabilidade no mercado. O lado artístico sai de cena pra entrar uma (com o perdão da palavra) bola fecal de empobrecimentos no audiovisual. Retrocesso puro sem perspectiva de futuro. Não se pode parar no tempo, o mundo segue, estamos aqui para renovar e criar uma nova linguagem de teledramaturgia e claro, apoiados no que foram criados nas décadas passadas, os grandes registros de época que se interligam com as ideias novas. 

Não podemos esquecer as mais variadas formas de consumir teledramaturgia hoje em dia.  Até os anos 90 o público tinha somente a televisão para ficar ligado nos filmes, séries e novelas, mas isso mudou. Entramos numa era de muita tecnologia e o uso da ‘’Netflix’’ como um bom exemplo disso que não decepciona. Independente da qualidade de suas produções, o streaming trabalha com o que vivemos hoje em dia, enfrenta a velha guarda da teledramaturgia,  apenas como um modo de ter um espaço para quem busca um novo meio de entretenimento, tirando esses padrões que vem se repetindo durante anos a fio e acaba deixando os telespectadores robozinhos de uma indústria extremamente comercial.

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