Para fazer a introdução, gostaria de compartilhar minha paixão por filmes trash, eu ficaria dias e dias assistindo todas as minhas pérolas cinematográficas preferidas do submundo do terror. Um estilo involuntário na maioria dos casos e hoje cultuados por um público que idolatram bizarrices e se divertem com tudo isso, (meu caso claro). Nós, amantes do cinema B sempre defendemos que existe uma magia nessas produções, que muitas são ''tão ruins, que chegam ser ótimas''. Existem muitos filmes bons nessa vibe, mas ainda trash, pelas suas produções de baixo orçamento, efeitos precários/artesanais, o impacto visual pra disfarçar a falta de recursos, muitos risos involuntários e os clássicos exageros: gritos, muitos gritos, tripas e cabeças voando e litros de sangue por todos os lados. Uma maravilha! A criatividade sempre reina, os criadores colocam as mãos na massa, precisam se virar com o que tem e nessa brincadeira poderia citar milhões de exemplos de ótimas cenas que dão um banho em produções atuais que infelizmente as pessoas supervalorizam e torcem o nariz para o que foi produzido no passado. No cinema de horror B as coisas acontecem, existe a quase extinta liberdade criativa e são totalmente independentes. Muitos filmes que são lembrados hoje dia são produções B e maioria desconhece o fato. Destaco também que esses filmes são atmosféricos, os climas são bem trabalhados e faz você entrar na história, sentir medo com o personagem que se encontra num ambiente por exemplo com pouca luz, seja um jardim a noite, dentro de casa, na floresta etc. São bem detalhados e mostram com perfeição cada passo do personagem, a câmera acompanhando qualquer movimento só pra deixar o telespectador agoniado, close no rosto, suspenses que realmente brincam com nosso imaginário.
Eu considero uma arte de primeira grandeza, criar de forma independente, ter muitas ideias e colocar em prática de modo ''caseiro''. Deve ser uma experiência maravilhosa fazer parte de uma produção assim. Um universo apaixonante que usa de materiais verdadeiros, seja papelão, isopor, tinta, bonecos e afins. Claro que filmes atuais também trabalham com tudo isso, mas a dependência da computação gráfica, o trabalho manual foi perdendo o espaço. Ainda bem que temos uma vasta lista de filmes que fizeram parte desse universo para o nosso prazer.
Aproveitando o post deixo alguns exemplos: Halloween de 1978, Sexta-Feira 13 de 1980, Evil Dead de 1981 e The Slumber Party Massacre de 1982. Todos nesse estilo de estética que eu valorizo muito! Atualmente um filme que trabalhou bem esse tipo de suspense foi The Conjuring de 2013.
Nesse estilo ainda entra os filmes obscuríssimos e mais pra frente, pretendo fazer uma lista de filmes B, C (rs) que caíram nessa obscuridade e os que já nasceram assim.
Para iniciar, vou falar de Deadly Friend de 1986, A Madição de Samantha no Brasil. O filme é de Wes Craven e mesmo com orçamento superior aos filmes da época, é sim, uma produção barata e com o estilo clássico da década.
No centro desta trama está o jovem Paul Conway, um pequeno gênio da ciência, recém-chegado a uma cidadezinha para estudar formas de inteligência artificial na universidade local. Uma de suas realizações de alta tecnologia chama-se "Bee-Bee", seu incrível robô de estimação, dotado até de voz. E uma de suas novas amigas é a encantadora vizinha Samantha. Quando trágicos acidentes lhe arrebatam "Bee Bee" e Samantha de uma só vez, Paul, com seu talento, decide recuperar o amor perdido. E como um moderno Dr, Frankstein, ele, descobre tarde demais que criou um monstro alucinado.
A Maldição de Samantha é um divertido terror juvenil, muito explorado na época e teve seu início popular em meados de 1978. Tem uma certa dose de romance nos primeiros momentos entre os personagens principais: Matthew (Paul Conway) e Samantha ( Kristy Swason). Em seguida surge o suspense e o terror típico oitentista acompanhado de algumas cenas bem gore. Uma mistura de romance, comédia, suspense e terror. Os atores são ruins, mas super normal em filmes de terror dos anos 80 e Kristy Swanson é linda, sua beleza enche a tela.
Muitos consideram o filme fraco, entediante e vale apenas pela cena que Samantha mata sua vizinha de forma bizarra. Eu acho a trama interessante, claro que não é nenhuma maravilha, mas é curioso e estranho. O longa foi baseado no conto Friend de Diana Henstell (1985).
A cena em questão é memorável, considero uma das melhores cenas trash de todos os tempos. É falar no filme que a galera mais atenta lembra da Samantha estourando a cabeça da vizinha briguenta com uma bola de basquete. Eis a pérola:
Wes Craven ao lado do boneco que utilizou na cena |
Lembro que assisti o filme quando era criança no SBT e fiquei com medo, perturbado e nas minhas pesquisas depois de grande, achei o filme. Nota-se que é bem feita e totalmente manual, sem uso de computação gráfica. Depois que a velha explode tem um momento que denuncia os recursos limitados da cena, mas o ''boom'' mesmo é brilhante, espetáculo visual! Acredito que muitos que viram pela primeira vez ficaram um pouco chocados! rs
A cena é praticamente tudo que citei durante o post: uso de boneco, muito sangue, gritos, situação exagerada e atuações ruins com todo um desequilíbrio que faz dessas produções grandes obras-primas marginais.
Em breve mais cenas!