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sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Texas Chainsaw, O Massacre: narrativa potente e desperdiçada

''Family's a messy business. Ain't nothing thicker than blood''




Quando o filme foi lançado em 2013, eu torci o nariz, não é novidade para ninguém que não costumo ficar satisfeito com sequências mercenárias de filmes de terror, raramente surge alguma boa surpresa nos dias de hoje. Sou do grupo que 'sempre fica com o primeiro filme'. Eu já estava por dentro das principais críticas deste longa, e então eu me deparo com a declaração de Tobe Hooper, diretor e criador do original que adorou e achou ‘’tão aterrorizante’’ quanto a sua própria obra. Isso me deixou espantado, foi então que eu decidi dar o play em 'Texas Chainsaw'. (3D, bléh)

O filme teve a difícil missão de continuar a história do clássico de 1974, exatamente do ponto onde parou. A mocinha, vivida por Marilyn Burns (in memoriam) escapa do Leatherface numa das cenas mais icônicas do cinema de terror. Com a criatividade de Hooper, o filme ganhou o merecido status de cult, uma grande obra independente totalmente imbatível, atemporal e assustadora.  

Com essa premissa inicial, o filme faz uma belíssima introdução apresentando cenas do filme original, com os fatos principais. Assim que a fuga da mocinha se concretiza, Texas Chainsaw inicia onde tudo parou e um carro de polícia a toda velocidade indo em direção a casa do vilão. Confesso que fiquei emocionado. Ali criei muitas expectativas. 


Toda reconstrução de época (1974) foi eficiente, incluindo o famigerado balanço que fica na frente da casa. Neste ponto de partida foi essencial para ficarmos por dentro de tudo que estava para acontecer e grande jogada da trama: uma sobrevivente, depois criada sem saber que pertence a essa família assassina e então a grande mocinha de Texas Chainsaw.

Dias atuais, agora eu preciso detonar a ambientação. A protagonista tem no máximo 20 anos, a grande chacina aconteceu em 1974 e teriam que estar em 1994, mas resolveram colocar os personagens exatamente nos dias de hoje, com todas as modernidades incluindo um iPhone para filmar cenas de crimes. Totalmente anacrônico, mas consegui ignorar e focar na até então trama em potencial.

O longa fez referências ao original, quem assistiu e gosta/ama, vai sacar na hora. Todas as inserções foram sutis. Conforme a trama vai desenvolvendo, vai esvaindo grandes possíveis momentos naquele cenário assustador e totalmente atmosférico. Tudo começou interessante, porém faltou sal, ser mais potente e não ter se perdido em cenas longas e desnecessárias da metade pro final. Para mim, o filme funcionou até a sequência do parque de diversões.


O plot twist acontece no terceiro ato, com a mudança de comportamento da mocinha e todos os envolvidos na atmosfera inquietante de Leatherface. Então os fatos do longa já não apresenta mais nada que uma trama boba e totalmente passatempo. Para quem ficou chocado com a cena doentia que um dos amigos da protagonista é partido ao meio, ainda vivo, tudo que acontece depois se torna banal. Esse foi um dos pontos que causou repulsa até em mim, um fã fervoroso do clássico. Um ponto positivo no universo do terror, que dificilmente funciona na atualidade e esse filme conseguiu impressionar em alguns momentos. Uma pena que os realizadores caíram na infantilidade de se preocuparem mais no impacto de 'terceira dimensão'. 

O filme até a metade me causou um certo pânico, medo e muita tensão. Não tinha muita novidade, mas bem arquitetada usufruindo de tudo que a modernidade tem para criar efeitos gráficos e chocantes, que manteve um bom nível de adrenalina angustiantes e com pitadas de suspenses padronizados que bem trabalhados, ainda funcionam. 

O final foi um grande acerto de contas em família, fiquei pensativo e cheguei a conclusão que não gostei. Reconheço que fugiram do convencional, a mocinha se mostrou dúbia, mas por se tratar da lenda de Leatherface eu não queria que tivesse tirado a essência da obra. Independente de seu funcionamento, achei bravo a intenção e métodos de encantar novas gerações que consomem remakes e a maioria hoje em dia com preconceito de filmes antigos, totalmente sem referências vomitando senso comum.

Enfim, o estúdio tem contrato para mais 7 obras, só querem ganhar dinheiro em cima da criação de Tobe Hooper. Com toda minha chatice, na minha visão particular Texas Chainsaw foi um pouco diferente, me prendeu, mas faltou potencia (adoro essa palavra) no plot.


 


Nota 6,0